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Bolívia

Bolívia
Bruno Valverde
set. 22 - 3 min de leitura
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Batatas fazem montanhas. Batatas fazem quéchuas e aimarás. O milho é a canoa de totora que flutua nas lágrimas das montanhas nevadas dos Andes. A kantuta colore o Titicaca de verde, amarelo e vermelho. A Bolívia é o verde da Amazônia e do Chaco; o amarelo da prata, do estanho e do lítio e o vermelho do sangue do povo. 

O milho e a batata fazem o homem da terra. O milho e a batata fazem a terra dos homens. O lago sagrado e salgado são lágrimas dos homens, da terra e das montanhas. O carnaval de lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos colorem a imensidão seca das montanhas. O aguaio é a arte que navega no coração da mulher da montanha. A quinua é o grão de ouro da montanha. Quinua, milho, camélidos e homens fazem montanhas. A montanha é o seio da terra onde nascem mananciais de milho, quinua e batata plantados no oceano da terra. Os Andes são sementes de montanhas onde vive o lago sagrado e salgado de altura. A neve é a flor da montanha. Lagos são lágrimas da flor da montanha.  

O metal do diabo não apagou o brilho do índio e a primavera dos lagos e montanhas. O metal do diabo apagou a vaidade e a cobiça dos barões do estanho. A prata não moveu o índio e a montanha da terra. A prata moveu a ganância do colonizador espanhol. O gás não apagou o fogo do povo e da terra. O gás apagou o fogo da oligarquia neoliberal que caiu de podre. O agronegócio do gado em Beni e da soja em Santa Cruz não apagou a luz da Amazônia e do Chaco. O gado e a soja apagarão a vaidade, a ganância e a cobiça dos barões do agronegócio da pecuária e soja das terras baixas.  

A Bolívia é um carnaval de indígenas, hispânicos, montanhas, lagos, florestas e chacos. Carnaval de afrodescendentes que navegam nas ruas de Coroico. Carnaval dos vinhos de altitude de Tarija. Carnaval de flamingos, flor que voa na Laguna Colorada. O Salar de Uyuni é uma flor de sal que surge nas montanhas. O Lago Titicaca é o perfume da zamponha que canta a Cordilheira dos Andes. Lago sagrado e salgado onde dormem as ilhas da Lua e do Sol. No Titicaca lua e sol se encontram e se beijam.  

A oligarquia pode saquear a prata, o estanho, o gás e o lítio da terra, mas não saqueará a primavera e o sorriso do povo, dos lagos e das montanhas. O golpe do lítio não matará nem a flor e nem a primavera da Bolívia e dos bolivianos.  


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