Desde o início me mantive persistente, lutei e mantive aquela esperança inabalável por algum tempo. Mas chegou o dia em que eu tive que sair de casa, pra comprar o que era necessário. Não imaginei que nada mais incomum estar em meio a uma pandemia, pudesse acontecer. Mas aconteceu.
Logo, me vi no meio de uma multidão de meios-rostos fechados, frios e distantes. No centro, em uma das ruas mais movimentadas da cidade, ninguém tinha coragem de apertar a mão do próximo. A máscara me incomodava, sufocava. Os estranhos mascarados me assustavam, me levaram em poucos segundos a um estado de medo quase irracional. Ainda bem que eram compras rápidas.
Paramos no semáforo. Então, bolhinhas de sabão começaram a surgir à minha esquerda. Como sou grata por aquelas lindas e sutis bolhinhas. Elas me obrigaram trocar de foco.
Finalmente caí em mim, e percebi que até em meio a pandemia, uma quarentena super rígida, uma coisa era certa: ainda posso ter os olhos fitos naquilo que me traz esperança. Naquilo que é imutável e inabalável.
Uma criança, no banco de trás de um carro, com suas perfeitas bolhas de sabão e trouxe de volta o fôlego, e de brinde a esperança.