INfluxo
INfluxo
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

Barro de Guardar o Mundo

Barro de Guardar o Mundo
Gabriela Holz
nov. 28 - 5 min de leitura
010

Desejos, gestação, parto, puerpério, confusão, 2020, pandemia.. Um ano que se inicia após um turbilhão chamado maternidade, que é uma mistura de hormônios enlouquecidos, com uma mudança de vida materializada em uma nova vida! Parece mentira, se não vivêssemos na pele, acho que jamais acreditaríamos ser possível, ainda na sala de parto entre as contrações era difícil acreditar que sairia uma nova vida de dentro de mim, talvez inventaram tudo isso e estamos acreditando em um conto saído de alguma mente muito criativa há séculos, eu pensava, não parece possível! Mas é, e é um verdadeiro milagre, porque é pura energia que a racionalidade não alcança! Dizem que é a maior dor da vida, mas o medo me marcou muito mais, lembro mais nitidamente do medo que eu sentia, do que qualquer dor! E o medo era do desconhecido. Surgiu tambem nessa almágama uma reconexão com a minha ancestralidade de neta de benzedor e parteira! A aproximação sempre difícil da relação com a mãe, que por mais difícil que seja, sempre que precisamos nos nutrir, sentimos essa necessidade de beber àgua da fonte! O ano começa com muita vontade de seguir em frente e mais  forte, e com uma notícia que soa tão surreal quanto os últimos acontecimentos da minha vida! Uma doença pandêmica que mata aos milhares, e ninguém conhece direito ou consegue controlar! Seria um romance do Saramago? Ensaio Sobre a Cegueira? Algo de Realismo Fantástico? Ou Ficção Científica!? Será que passa em algumas semanas? Em 2 ou 3 meses?! Muitas perguntas sem nenhuma resposta, mais uma vez a cara do desconhecido que tanto tememos, que tanto temi, e que nos angustia, muito! De repente, não mais que de repente, estamos chegando no fim do ano de 2020 "Então é natal..." como canta a música, velha conhecida no Brasil nessa festa. O caminho que nos trouxe até o final desse ano nos parece mais insuportável que as mesmas músicas de sempre, que surgem incasavelmente repetidas nos comercias de TV e nas ruas através das rádios nessa época! "E o que vc fez?" Continua a tal canção... Esssa é a pergunta de um milhão de reias, eu queria me reinventar, só não achei que essa prerrogativa fosse fazer parte de um roteiro de vida ou morte; O que se faz quando não se sabe o que fazer? A gente se agarra ao que tem! Nem que a única coisa que tenhamos seja a nossa essência, e foi aí que me conectei com vontades antigas que deixava de lado por não parecerem tão importantes ou nobres, como modelar o barro, estudar cerâmica, fui conduzida por grandes mestres que "coincidentemente" me apresentaram toda a beleza da cerâmica rudimentar, feita pelos povos tradicionais, e qur tambem me ensinaram que o quanto mexer com o barro é relembrar a nossa primeira tecnologia de sobrevivência aqui nessa terra! Sobrevivência!! E como sobreviver tem sido preciso, aos danos físicos e psicológicis que essa pandemia tem causado. Depois dessa imersão no barro, outras formas de arte sempre presentes na minha vida, e também secudarizadas por uma rotina em que o certo parecia priorizar a estabilidade e meios materias de vida, mesmo que mínimos e áridos, me chamaram e eu me joguei como quem tem muito pouco a perder, e nesse pulo que em vez de dar com a cabeça no fundo como de costume, agora conseguia mergulhar cada vez mais fundo! A experiencia com o barro após as àguas de parto, e um modus de vida totalmente dissonante de qualquer estabilidade ou "normalidade" conhecida, me fizeram entender o nosso poder de criação, e que podemos escolher usar isso para dar vazão ao que somos de forma amorosa, e nisso me encontro com a arte, entrei na pulsão de criar e assim lutar para construir meios de vida mais juamstos para mim e a sociedade, escrevi um projeto para um edital edital de fomento a cultura para realizar oficinas de Historia da arte, Teatro e Cerâmica para escolas públicas, para a realização de um Cineclube na minha comunidade, para quando a ooandemia apaziguar, me inscrevi em concursos e festivais de artes, estudei fotografia, me cinectei com artista e as articulações e movimentos de luta pela Cultura, me experimentei, arrisquei e acima de tudo criei! Ao todo são 4 editais ganhos, 1 filho com já com quase todos os dentes, muita, muita criação e esperança de que podemos parir uma nova realidade!  


Denunciar publicação
    010

    Indicados para você