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Baixa auto estima é o câncer mundial?

Baixa auto estima é o câncer mundial?
Ana Carolina Neto Rodrigues
dez. 17 - 4 min de leitura
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                   Admiro muito seu potencial. Acredito que vai longe, acredito que vá a algum lugar. Escuto sobre suas dores, valido todas, sofro com elas, te ajudo a ser um ser em paz. Amo tuas poesias, me embriago a cada vírgula, cada frase é para mim acalanto. Enxergo em você uma benevolência sobrenatural, sinto que você sente tudo, a todos, a todo o momento, que há em você uma empatia advinda dos Deuses. Teu jeito de andar, teu jeito me arrumar o cabelo e tua forma toda sua de falar, observo. Levo aos quatro contos do mundo a beleza que você carrega por ai. Te defendo, te coloco em um pedestal, te coloco até acima de mim.

                          Lado outro, quando eu quero ir longe, acredito que estou querendo demais, que deveria diminuir um pouco mais meus sonhos, que estou voando demais sem os pés no chão. Sonhe menos, menina, digo. Quando sofro me considero fraca, quando preciso de ajuda me sinto dependente, como se isso, só para mim, fosse algo horrível. Escondo minhas poesias, finjo que não amo trocar as vírgulas de lugares e ver o quanto o português pode ser lindo em tantos sentidos. Falo que me esqueci dos livros que li, falo que tirei as ideias de algum lugar que não é aqui, dentro de mim. Não, isso não poderia ter nascido de terra tão seca e mal regada. Não, essas palavras lindas não são minhas (mas são). Quando olho o outro, o vejo, o sinto. Para mim, nunca é empatia, é: “Você não fez mais que sua obrigação”.

                            Sigo. Entre um passo e outro tropeço. Meu cabelo desarrumado é arrumado. Às vezes não falo por medo de ser ouvida e quando não sou ouvida não falo mais com medo de ser ignorada por não ter falado nada. Rejeito-me quando me escondo entre os momentos de silêncio que poderiam ser preenchidos com minha luz. Repudio a minha essência, me coloco fora de tudo, longe das pessoas, longe de mim, longe de ti, longe de nós, da vida, do mundo e de tudo que posso ser quando me esqueço de mim, que eu só tenho esse corpo, essas palavras, essas vírgulas e até essa maldito ou bendito medo que me faz ver o quanto eu me ignoro.

                            Eu me ignoro. Quando não me permito sonhar, quando eu não me permito tentar, quando eu não me permito ir além, ou só ir. Por que eu te coloco em um pedestal? Já não basta estarmos lado a lado? Por que tenho que te colocar acima de mim, somos iguais em tudo, uns mais ignorantes de si, outras mais ignorantes de tudo. Eu me corto por dentro e vocês não veem o quanto eu estou machucada. Se essas feridas fossem visíveis todos iriam me socorrer, todos iriam se preocupar. Mas como faz com esses machucados que precisam de palavras para existirem fora de mim?
                              Eu corro, me afogo, jogo minha mente de um precipício, tendo fugir, mas sempre durmo acompanhada de mim mesma. Eu estou sempre aqui no meu cangote, tem vez que é para zelar, outras para me assombrar. Sou movida pela dor, sou movida mais pela dor que pelo amor, porém, sou constituída por ambos.

 


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