imóvel
o crepúsculo derrama sua língua de trevas pelos bosques de Ipês emudecidos
enquanto a alma invernal do cemitério vagueia
murmurando sermões por entre candeeiros e lágrimas brancas
um vento trêmulo canta a tenebrosa maldição dos calvários
os corcéis da meia-noite expelem
à humanidade
uma oração escura
entorpecida de melancolia e desespero
as lágrimas púrpuras de deus clamam ao silêncio de um salmo antigo
como uma despedida implora, dos amantes, os olhos, as bocas,
o rubor do vinho
mas da densidade de sombras e sussurros
da suástica
escorre um sangue póstumo e obscuro
abençoados, os arcanjos sorriem em deleite de ferro e enxofre
cadáveres apodrecidos aglomeram-se nas ruínas
de um santuário
cultuando pedras em decomposição
um império marrom sorri só
soturno
no limbo, lúgubre, de um beijo
os lábios amarelados de um vulto escarram um esquálido colosso