A terra treme quando a garra enorme
Lhe arranca a pele, num andar constante
Da esteira bruta, que caminha informe,
Na mata verde, que cai soluçante...
A brisa passa, mas hoje está triste,
A verde mata está ressequida.
O mar de folhas já não mais existe.
A mata inteira já tombou sem vida...
A seriema que cantava perto
Nas manhãs lindas de sol escaldante,
Ao ver a mata virar um deserto,
Triste e sem graça, foi cantar distante...
O beija-flor, o silencioso amante,
Que as flores todas, beijava e amava,
Voou tristonho, p’ra local distante:
Morreu a mata que tanto gostava...
A madrugada que molhava a mata,
Com os seus beijos em forma de orvalho,
Ficou sentida, pois da grande mata,
Sequer deixaram um pequeno galho...
A lua cheia que brilhava à noite
Na nuvem negra ficou escondida,
Triste e chorosa, ficou de pernoite
Olhando a mata que está destruída...
Nelson Jacintho