Sofia, sentada em uma tarde no batente da porta de madeira já desgastada pelo tempo
Com os olhos direcionados a revoada dos pássaros
Do céu azulado e convidativo ao fundo,
Das nuvens esbranquiçadas e dançarilhas
Sou muitas. No meio de um bairro da periferia, no sertão ou no subúrbio
Pensou: que mundo! Que mundo meu Deus!
Iminentemente desaparecem os desencantos, á Sofia
As decepções com a vida dura para a jovem
Ouvira nas raras aulas de geografia daquele ano,
que eram as consequências do mundo frenético, pulsante e globalizado
interconectado, ligado por suas redes e megacidades
mas ali tão distante, as várias Sofias
Silenciosamente, dissolvendo-se na contemplação daqueles pássaros
Há...são as questões dos tempos modernos
Daquele mesmo batente de porta de madeira, ouvira sua voz baixa e serena,
pelo tempo implacável, Justinas, Marias, avós e tias
A elas explicou que essa distância era necessário, do afago e abraços
Sobrevivência, rogava os corações para a brevidade daquela enfermidade
As imagens que meus globos oculares capitam...
Agora eles, os pássaros tem a liberdade,
A nós, a gaiola
Mas não perca-se, não desista menina!
Pois a vida é um espetáculo imperdível....
A esperança é um alimento da nossa alma,
Esse momento será passageiro, impermanente
Mesmo que a vida seja dura,
mesmo que tenha dias que os afagos sejam escassos
nunca esqueça-se do ditado antigo cunhado, só a luta muda a vida.