Em 14 de março de 2018 aconteceu o brutal assassinato de Marielle Franco. Ela era uma mulher negra que incomodou os donos poder ao pedir a observância humanitária na chacina de seus iguais de pele e exigir olhos colados junto aos abusos de autoridades que assinalaram bestialmente a sentença de que todo favelado é um potencial marginal... O carcomido preconceito elitista contra os humildes.
O grito da ativista ecoou, abriu portas e arranhou os interesses de muitos poderosos e milícias sanguinárias. Isso incomodou muita gente e assim se fez rajadas de metralhadoras - agrimensores da morte que gestam um mapa de cor negra e que escorre sangue distante das ruas de Copacabana. Por ter sido voz alada, não fixar seus interesses nas cadeiras podres do poder, sua luta não foi ouvida, muito menos respeitada a sua dignidade. Ouviram o engatilhar covarde de várias armas e não teve nenhum gemido, um ai - a mulher foi cruelmente assassinada.
E após sua morte fez-se um curioso gozo de eufóricas palmas inescrupulosamente comemoradas por ogros virtuais. Ela será apenas mais um corpo mergulhado no mar de chacinas? Há anos que nossos juízes partidarizados/seletivos orquestram um vergonhoso silêncio sobre os mandantes da morte da ativista política. Assim como a morte do índio pataxó, o massacre do Carandirú, o caso do Eldorado dos Carajás, Marielle continuará injustiçada por nossos nobres juízes?
06.11.2020