Há à Raiz 1, 2013
Carla Pinheiro
Fotografia - Autorretrato
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Há à Raiz: Haver à essência. Existir em essência. Existir às raízes, na origem. Ser em elo ao solo. Constatar a existência do imprescindível. Existência integral. Origem (in)gerada. Rizoma aéreo-subterrâneo. Caule-base. Raiz que (r)existe.
Assistência técnica fotográfica: Natasha Iane
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IluminAção
Eu já fui "lá do outro lado", "vida-morte-vida"
Iluminação
Entre-meio do infinito, Éternidade, Nirvana
Cerne da ilusão
Lá não é lá e "não tem nada"
É "aqui" que está "tudo"
Mas aqui tudo uma hora acaba
E a morte vem
Mas a morte é só passagem
Na verdade
A vida não tem fim
É constante criação selvagem
É a coragem
Da transformação de linhagens
Que se transporta para outros confins
É ponte-viagem que parece miragem
Plumagem de serafins
Mas “aqui”, matéria-contingência
Corpo animado pelo espírito
A lei é a da impermanência
E tudo que se faz ecoa na éternidade
Bate "lá" e volta "cá" na tua diminuta existência
É a iminência da vida
Que reverbera e reviravolta
O que a ela damos
E então transborda
A forma e a sem forma
Deixando ver
O vazio
Por onde tudo perpassa
Energia-matéria
Matéria-energética
Livre-arbítrio destinado
Tecitura do cosmos entrelaçado
Perfilando cada geometria erguida
Cada pegada animada
Interdependente
Cada passo vivente amálgama ou desfaz
Alguma (i)realidade
Quem te disse que a Vida não é sacra?
Vês a abóboda celeste daqui
Mas nosso planeta está nela incluso
Quem te disse que estes solos, estes ares, estes mares,
estes rios, estas luzes, estas terras e todos estes seres não são divinos?
Vês a natureza daqui
Mas você é parte dela
Não ver o sagrado na Vida
É negar a tua própria natureza divina!
Eu já fui "lá do outro lado", "vida-morte-vida"
Iluminação
Entre-meio do infinito, Éternidade, Nirvana
Cerne da ilusão
Lá nem é “lá” e "não tem nada"
É "aqui" que está "tudo"
A consciência da morte é o que nos mostra o valor da vida.
Atente-se, portanto, às suas escolhas.
Nem absolutismo nem niilismo
Sem palavra sem conceito
A iluminação é o aniquilamento das mentiras
O nirvana é a extinção do espúrio
Não é algo a perseguir
Não é algo a agarrar
Não é algo a submeter-se
Não é algo
É a genuína liberdade
A profunda e verdadeira
Autenticidade
Da fonte do seu ser.
É a luz do teu espírito
Que movimenta a sombra do teu corpo
É a radiação da tua alma
Que propaga energia por entre tua matéria
O maior obstáculo para a iluminação
É superar a ideia de que ainda não é luminosidade.
Carla Pinheiro
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Simbiose IN corpórea - por uma ontologia de interalteridades é um estudo artístico e filosófico composto por um conjunto de autorretratos que registram as poéticas ações simbióticas exercidas por mim no intuito de demonstrar a superação da dicotomia sujeito-objeto entre espécie humana e Naturea. Nas fotografias me fundo ao ambiente natural ao ponto de, em um primeiro olhar distraído, a minha presença não ser notada na foto, isto porque estou em profunda simbiose com a Natureza. Todos os ensaios foram registros de práticas espirituais xamânicas de experiências ecstáticas de unidade com a Natureza. Seres humanos são apenas uma espécie da Natureza, uma das inúmeras criações da Vida que é a um só tempo a maior artista e a maior obra de arte.
Carla Pinheiro
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Simbiose IN corpórea - por uma ontologia de interalteridades é um projeto de exposição de artes visuais e filosofia da artista e filósofa Carla Pinheiro que foi contemplado pela Chamada Pública de Fomento às Artes de Niterói, o Edital N°007/2019, realização da Prefeitura de Niterói, Secretaria das Culturas de Niterói e Fundação de Arte de Niterói e exposto no Museu de Arte Contemporânea de Niteói (MAC-Niterói) em 30 de novembro de 2020 numa mostra composta por 16 fotografias, 8 esculturas e 9 poemas. Simbiose IN corpórea - por uma ontologia de interalteridades é também minha monografia de graduação em bacharela em filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF - Niterói) concluída em 2017.