Em meio à ausência de água, através de Berenice veremos que existem outros tipos de seca.
Sinopse:
Berenice é uma mulher jovem, mas teve que amadurecer muito cedo devido sua condição financeira e de vida. Ela mora com seu pai, mas infelizmente acaba perdendo-o. Agora sozinha e com seu marido longe, Berenice terá que enfrentar a ausência de seus entes queridos, e após descobrir que está grávida, terá que enfrentar outro tipo de seca, a ausência de leite materno.
Duração:
Aproximadamente quinze minutos.
Argumento:
Este filme tem por objetivo retratar uma história já contada por muitos artistas onde o tema retrata a seca e o clima quente de uma cidade do interior, mas neste caso o filme mostrará o lado de uma terra seca e de uma mulher que não consegue amamentar, fazendo uma ligação entre estes desejos opostos, de uma forma metafórica. A terra que precisa ser molhada pela chuva e a mãe que quer amamentar sua filha e não consegue. O filme trabalhará com a questão regional e simbólica, envolvendo a questão de fé e súplica. Um apelo a todos os santos. Quem assistir a este filme em momento algum remeterá a uma questão religiosa, pois a fé é única e universal. Este roteiro está sendo trabalhado há anos e hoje com todas as ferramentas e recursos cinematográficos posso dizer que estes caminhos literários da linguagem do meu roteiro, levará Berenice a trilhar caminhos propensos para que possamos mostrar em cada cena um discurso lúdico, mas cotidiano e funcional. Berenice é um filme com poucos diálogos onde permite uma narrativa imagética mais visceral. A relação de Berenice com seu pai é redigida pelo tempo e pela seca, seu pai ali velho e cansado, quase perdendo as forças, mas mesmo assim ele vê em sua filha, uma certeza e uma beleza única, após o diálogo dos dois há mesa. As relações de morte e nascimento são reveladas com certa analogia. Quando o pai de Berenice morre, é revelado que ela está grávida, e numa rápida lembrança o homem que foi seu marido (e que saiu de casa para tentar arrumar um trabalho melhor na cidade grande, mas isso não será exposto no filme). Nessa linha crescente, Berenice chega ao hospital onde mostraremos o descaso da saúde pública. A relação deste médico é distante, o mesmo é a representação física do descaso da saúde, mas ele também se sente vazio e é seco por dentro por alguma coisa que nem ele sabe o que é. A cena onde será revelado um local parecido com um prostíbulo funcionará para revelar certa beleza num local considerado vulgar. A prostituta que aparece em cena, apenas fixa na porta do local ao lado da placa, criará um clima de ausência, em que uma prostituta tem o direito de querer amar e ser amada por alguém. Afinal, ela ali também tem sede de alguma coisa, mesmo querendo ser prostituta e gostando (ou se gosta de estar ali) ela tem sede de alguma coisa que sente falta, um preencher de algum vazio. No decorrer do filme, fiz questão de mostrar e relembrar o trabalho de uma parteira e a cumplicidade humana. Por fim mostramos vários tipos de seca e ausência, onde o desejo é finalmente alcançado e Berenice consegue amamentar o seu filho. Berenice estabelece uma relação muito íntima e próxima a seu pai, pois ele a criou sozinho devido à morte de sua mãe no parto, onde ela renasce ao ser mãe. Quando ela de fato amamenta a criança, e a chuva começa a cair é onde de fato a chuva lavará todas aquelas dúvidas, incertezas, sujeiras e ausências. Um dia novo, uma nova história, tenha fé que a sua chuva pode e vai chegar.