Chegará o tempo em não haverá mais
(Primaveras floridas)
A relva não mais chorará orvalhos
O céu não mais irrigará os bosques
Chegará o tempo em que as borboletas
(Não se apaixonarão pelos gerânios)
Haverá a ausência do néctar e perfumes
(Torrentes sem mel e o fim das borboletas)
Os pessegueiros e as cerejeiras Não mais florescerão
Chegará o tempo em que os homens
(Não sonharão com êxtase do cheiro de sândalo)
Nem contemplarão as rosas mais singelas
Não haverá mais fragrâncias no campo
Nem os rouxinóis cantarão nos rincões
Chegará o tempo da intensa escuridão sem estrelas
Os prados não serão alumiados por pirilampos
As estações estarão em ruínas e sem mananciais
As nozes não serão mais quebradas na mesa
Não haverá mais a sega do trigo
Nem as doçuras do abundante outono
O homem despercebido ceifou a esperança
Quando não preservou o jardim da sua existência
E tudo isso ocorrerá em breve,
Se em breve não ocuparmos o tempo
Em plantar as flores.
(Clavio J. Jacinto)